VEJA OS VÍDEOS ABAIXO:
O vídeo em questão corrobora a argumentação sobre a necessidade dos exércitos, mesmo por países pacíficos. Penso que o vídeo responde a uma questão que volta e meia a sociedade se pergunta "Para que servem as Forças Armadas?"
Peter Van Uhm é o Chefe do Estado-Maior de Defesa dos Países Baixos, mas isso não significa que ele seja a favor da guerra. Ele explica como sua carreira é formada pelo amor a paz, não pelo desejo de derramamento de sangue e porque nós precisamos de exércitos se queremos paz.
Peter Van Uhm é o Chefe do Estado-Maior de Defesa dos Países Baixos, mas isso não significa que ele seja a favor da guerra. Ele explica como sua carreira é formada pelo amor a paz, não pelo desejo de derramamento de sangue e porque nós precisamos de exércitos se queremos paz.
"Si vis pacem, para bellum." (Se queres a paz, prepara-te para a guerra.)
Pena que não tenha partido de um militar brasileiro!
O CANHÃO E O ARADO:
Luiz Emílio Leo*
Por estranhos caprichos se encontraram,
Em um velho galpão abandonado,
A terrível garganta de um canhão
E a afiada navalha de um arado.
De repente uma voz rompe o silêncio,
Fazendo estremecer todo o galpão.
Voz cavernosa, tétrica, sóbria;
Vinha da negra face do canhão.
“Diz-me, pedaço insignificante,
De ferro inútil por mal empregado: que
Fizeste no mundo, de que serves, qual o
Valor do que se chama arado.
Podes falar-me sem constrangimento
Diante de minha superioridade,
Quero também saber a tua história e o
Que fizeste pela humanidade”.
E a afiada lâmina do arado lançou a
Sua voz na escuridão; Falou com
Calma e com serenidade: “Ouve terrível,
Rápido canhão.
Julga-te superior e me desprezas.
Triste poder da força que assassina!
Há entre nós só uma diferença: Eu
Sou a construção tu és a ruína.
Porque blasonas superioridade, se tens
do sangue e do ódio a atroz missão?
Tu revolves a terra para morte,
Eu a terra revolvo para o pão”.
Sou o bem, tu és o mal. Paz e guerra!
Matas milhões para um herói criar;
Sacrifico a um só, lavrando a terra,
Para milhões com trigo alimentar.
Calado, ouve o canhão, depois, sereno,
Triste falou: “meu velho arado, vejo
Que és bom, és justo, e te admiro.
Porque vives ao bem sacrificado.
Mas não me queiras mal; o meu destino
Será somente visto com pavor.
Sempre temido, não serei amado;
Só ódio e maldição, jamais amor!
Saiba porém, meu velho companheiro,
Que não só represento a destruição.
Todos me odeiam porque sou temido:
“ULTIMA RATIO REGIS”, o canhão.
Ora diz-me: Tu sabes porventura o que
É paz, soberania, estado?
Que é liberdade, que é democracia?
E o direito de um povo, pobre arado?
Sabes o que é viver na independência?
Tu não odeias também a escravidão?
Nem só de trigo vive a humanidade,
Nem, só de sonhos vive uma nação.
Eu sou a sentinela do direito,
O forte guardião da liberdade.
Marco as fronteiras da soberania,
Desumano, eu defendo a humanidade.
Se, porventura, os déspotas tentarem
Tomar teus campos de alourado trigo,
Eu surgirei, e meu poder tremendo
Será, então, arado, teu amigo.
E tu, n’ânsia incontida da defesa
Do solo pátrio contra o estranho ousado,
Darás todo teu ferro para balas,
E serás um canhão em vez de arado”...
*Prof. Dr. Luiz Emilio Leo, que foi Lente de Português e Literatura no Colégio Lemos Júnior (Rio Grande do Sul), publicou o livro de poesias "Força e Beleza", em 1943, uma de cujas poesias é esta "A Biblioteca e o Arsenal"
Por estranhos caprichos se encontraram,
Em um velho galpão abandonado,
A terrível garganta de um canhão
E a afiada navalha de um arado.
De repente uma voz rompe o silêncio,
Fazendo estremecer todo o galpão.
Voz cavernosa, tétrica, sóbria;
Vinha da negra face do canhão.
“Diz-me, pedaço insignificante,
De ferro inútil por mal empregado: que
Fizeste no mundo, de que serves, qual o
Valor do que se chama arado.
Podes falar-me sem constrangimento
Diante de minha superioridade,
Quero também saber a tua história e o
Que fizeste pela humanidade”.
E a afiada lâmina do arado lançou a
Sua voz na escuridão; Falou com
Calma e com serenidade: “Ouve terrível,
Rápido canhão.
Julga-te superior e me desprezas.
Triste poder da força que assassina!
Há entre nós só uma diferença: Eu
Sou a construção tu és a ruína.
Porque blasonas superioridade, se tens
do sangue e do ódio a atroz missão?
Tu revolves a terra para morte,
Eu a terra revolvo para o pão”.
Sou o bem, tu és o mal. Paz e guerra!
Matas milhões para um herói criar;
Sacrifico a um só, lavrando a terra,
Para milhões com trigo alimentar.
Calado, ouve o canhão, depois, sereno,
Triste falou: “meu velho arado, vejo
Que és bom, és justo, e te admiro.
Porque vives ao bem sacrificado.
Mas não me queiras mal; o meu destino
Será somente visto com pavor.
Sempre temido, não serei amado;
Só ódio e maldição, jamais amor!
Saiba porém, meu velho companheiro,
Que não só represento a destruição.
Todos me odeiam porque sou temido:
“ULTIMA RATIO REGIS”, o canhão.
Ora diz-me: Tu sabes porventura o que
É paz, soberania, estado?
Que é liberdade, que é democracia?
E o direito de um povo, pobre arado?
Sabes o que é viver na independência?
Tu não odeias também a escravidão?
Nem só de trigo vive a humanidade,
Nem, só de sonhos vive uma nação.
Eu sou a sentinela do direito,
O forte guardião da liberdade.
Marco as fronteiras da soberania,
Desumano, eu defendo a humanidade.
Se, porventura, os déspotas tentarem
Tomar teus campos de alourado trigo,
Eu surgirei, e meu poder tremendo
Será, então, arado, teu amigo.
E tu, n’ânsia incontida da defesa
Do solo pátrio contra o estranho ousado,
Darás todo teu ferro para balas,
E serás um canhão em vez de arado”...
*Prof. Dr. Luiz Emilio Leo, que foi Lente de Português e Literatura no Colégio Lemos Júnior (Rio Grande do Sul), publicou o livro de poesias "Força e Beleza", em 1943, uma de cujas poesias é esta "A Biblioteca e o Arsenal"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"O que me preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."(M.L.King)
"LIBERDADE É CONHECER AS AMARRAS QUE NOS PRENDEM"