Por Marco Aurélio Reis, no jornal “O Dia”
“O reajuste dos soldos das Forças Armadas deixou de ser preocupação exclusiva do Ministério da Defesa, passando a ser questão do governo como um todo." Esse foi o tom da ofensiva feita pelo ministro Celso Amorim em prol do esperado aumento, nesta reta final da discussão do Orçamento da União para o ano que vem.
Em audiência na ‘Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados’, Amorim disse estar “muito ciente das necessidades” dos quartéis por melhoria nos vencimentos. “Diria mais: o governo, como um todo, está muito ciente dessas necessidades e se preocupa com essa situação”, completou. Em tom diplomático, o ministro afirmou que reconhece que “há defasagem salarial grande” entre a carreira militar e outras de estado. “No início e no meio da carreira, o sofrimento dos militares é muito grande. Um segundo tenente ganha entre R$ 6 mil e R$ 6,5 mil, bem abaixo de um auditor, incomparavelmente abaixo de um delegado no início de carreira, abaixo de um diplomata, que não acho que ganha muito”, comparou.
O ministro foi além. Disse que “algo tem que ser feito para reparar a defasagem dos soldos militares. “E não é só por questão de Justiça para atender a pessoas que, em sua enormíssima maioria, são devotadas à pátria, que não são ligadas a nenhuma ideologia específica e que querem o bem do Brasil”. E alertou: “É questão de segurança nacional, porque esse tenente que está ganhando R$ 6,5 mil é o homem que está na fronteira, na Operação Ágata (de combate ao tráfego de armas, drogas e contrabando, entre outros crimes)”.
ÚLTIMOS 8 ANOS
Na audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro Celso Amorim também destacou que, entre os aumentos salariais concedidos nos últimos oito anos, de todas as carreiras de Estado, a que teve o menor reajuste foi a classe composta por militares.
SEM DATA CERTA
Amorim foi diplomático sobre quando o reajuste será concedido. “Hoje, amanhã, depois de amanhã, ano que vem? Preferiria não entrar nessa discussão”, disse.
MOMENTO RUIM
O ministro disse mais: “Estamos vivendo momento de dificuldades (financeiras). Há a necessidade até de diplomacia interna para levar esse assunto adiante”.
CONTRAINTELIGÊNCIA
Na mesma audiência na Câmara, quarta-feira, Amorim revelou que os manuais de contrainteligência em uso pela Marinha e pelo Exército vão passar por total reformulação: “Nossos documentos têm de estar adequados às atuais circunstâncias”.
MEXIDA NO TEXTO
O novo texto vai tirar expressões inadequadas, que remetem ao passado. O ministro disse, ainda, que a própria doutrina que orienta os manuais está sendo revista.
SEM BISBILHOTAGEM
Amorim defendeu, também, as atividades de contrainteligência militares, contra espionagem e contra crimes, garantindo sua lisura. “Não há bisbilhotagem”, assegurou.”
FONTE: reportagem de Marco Aurélio Reis, no jornal “O Dia”. Transcrita no portal da FAB
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