BEM VINDO

Bem vindo! Este blog tem por fim compartilhar notícias que, talvez, podem ser interessantes aos leitores. Sem tomar partido algum, a intenção aqui é meramente repassar informes sobre assuntos diversos veiculados na mídia, dentro do princípio de auxiliar com oportunidade. Cabe a cada qual, no uso do bom juízo e senso crítico, investigar a fonte e a veracidade das postagens. Os artigos aqui postados foram compilados da "internet" e não refletem necessariamente as ideias ou opiniões deste blogueiro. "Examinai tudo. Retende o bem (Ts 5:21)."



domingo, 6 de novembro de 2011

O REGIME MILITAR E A GLOBO

Afirma-se, com freqüência, que o crescimento da Rede Globo de Televisão se deu graças à sua estreita ligação com o regime implantado em março de 1964. O Globo, de fato, apoiou  o movimento militar. Mas esta não foi uma posição exclusiva do jornal. Havia, naquele momento, um posicionamento amplamente majoritário contra o chamado nacional-populismo de João Goulart. Com exceção da Última Hora, todos os principais órgãos de informação do país apoiaram o golpe. Depois de instaurado o primeiro governo, alguns periódicos passaram para a oposição. Roberto Marinho seguiu dando apoio aos militares. Ele acreditava na vocação democrática do presidente Castello Branco e na eficácia da política econômica desenvolvida por Roberto Campos e Octavio Gouvêa de Bulhões. 

O presidente das Organizações Globo nunca negou sua simpatia em relação ao regime. Em 7 de outubro de 1984, no editorial “O Julgamento da Revolução” , publicado na primeira página de O Globo, fez um balanço da atuação de seu jornal durante os anos de autoritarismo. Afirma que o jornal teve conflitos com “aqueles que pretenderam assumir o processo revolucionário, esquecendo-se de que os acontecimentos se iniciaram, como reconheceu o marechal Costa e Silva, ‘por exigência do povo brasileiro’. Sem povo, não haveria revolução, mas apenas um ‘pronunciamento’ ou ‘golpe’, com o qual não estaríamos solidários”. Depois de relacionar os méritos econômicos do regime, o editorial diz textualmente: “Dessa maneira, acima do progresso material, delineava-se o objetivo supremo da preservação dos princípios éticos e do restabelecimento do Estado de Direito”. Em seguida, o editorial  celebra o fim do AI5, do decreto-lei 477, de todos os atos institucionais;  destaca a importância do fim da censura, do fim do poder do presidente de fechar o congresso, de cassar políticos, de confiscar bens e de demitir funcionários. Por último, comemora o fim da pena de banimento, de prisão perpétua e de morte. Em 1988, em entrevista à Folha de S. Paulo, Roberto Marinho admitiu ter apoiado a “ação construtiva” desses governos, mas disse que “fez questão de não obter favores”. 


Desta forma, nenhuma das concessões obtidas pela TV Globo foi dada pelos militares. As duas únicas concessões foram outorgadas antes do período militar: a primeira em 1957, pelo presidente Juscelino Kubitschek, para a Globo do Rio , e a segunda em 1962, por João Goulart, para o canal da emissora em Brasília. 


Vale registrar que a primeira concessão foi requerida oficialmente pela Rádio Globo no dia 05 de janeiro de 1951, ainda durante o governo de Eurico Gaspar Dutra. Este requerimento foi analisado pela Comissão Técnica de Rádio, que emitiu um parecer favorável à concessão, aprovada pelo governo dois meses depois, no dia 13 de março. A essa altura, porém, o país tinha um novo presidente, Getúlio Vargas, que tomara posse no dia 31 de janeiro. Dois anos depois, em janeiro de 1953, contrariando o parecer técnico emitido pelo governo, o mesmo Getúlio Vargas voltou atrás e revogou a concessão. Somente em 11 de junho de 1957, durante o governo de Juscelino Kubitschek, o pedido de concessão foi finalmente aprovado. Em seguida, em 13 de dezembro daquele ano, o Conselho Nacional de Telecomunicações publicou o decreto outorgando o Canal 4 do Rio de Janeiro à Rádio Globo. 

Para formar a rede, os outros canais foram comprados de particulares: São Paulo e Recife, de Victor Costa; e Belo Horizonte, de João Batista do Amaral. Todas as outras emissoras que compõem a rede são afiliadas; ou seja, são associadas, mas não são de propriedade do grupo. 


Durante o período militar, a Rede Globo chegou a enfrentar dificuldades à sua expansão. Em 1978, por exemplo, lhe foi negada a concessão de um canal de televisão em João Pessoa. No mesmo período, a TV Globo também teve negado pedido de concessão para um canal de TV em Curitiba. 


O jornalismo da Globo não recebeu nenhum tratamento diferenciado durante o período militar. Como todos os veículos de informação, o seu noticiário sofreu com a censura, que atuava diretamente na emissora na forma de telefonemas, comunicações oficiais e memorandos. Notícias de eventos considerados delicados para o governo, como a morte de Carlos Lamarca, por exemplo, provocavam a presença na emissora de oficiais do SNI (Serviço Nacional de Informação) e do chefe da polícia. Em agosto de 1969, a Globo chegou a ser retirada do ar durante algumas horas como punição pela leitura, no programa de Ibrahim Sued, de uma nota sobre a doença do presidente Costa e Silva. Mesmo no período da abertura, as pressões continuaram grandes sobre a TV Globo. Em 1981, quando ocorreu o atentado no Riocentro, os militares ocuparam a redação da emissora e não deixaram que quase nada fosse exibido sobre o assunto. 

  A censura não se limitava às notícias: atuava também no entretenimento. Foram inúmeros os casos de censura à dramaturgia da Globo. O mais sério foi o da proibição, a dois dias da estréia, da novela Roque Santeiro, em 1975. O prejuízo foi grande para a emissora: já haviam sido gravados 36 capítulos, com o custo de quinhentos mil dólares (em valores da época). Mas este não foi o único caso. Em dezembro de 1976, a novela Despedida de casado também foi censurada na véspera de estrear, quando já estava com cerca de 30 capítulos gravados.


Outro fato a considerar é que a Globo jamais demitiu um profissional em conseqüência de suas idéias ou posições políticas. Ao contrário, mesmo no período mais duro da repressão, contratou vários artistas e intelectuais de esquerda, alguns deles notadamente ligados ao Partido Comunista. Este foi o caso de profissionais como Mário Lago, Gianfrancesco Guarnieri, Dias Gomes, Francisco Milani, Oduvaldo Viana Filho e muitos outros. Vários profissionais foram convocados a depor no DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social), como os jornalistas Alice-Maria Reiniger e Luís Edgar de Andrade, e Roberto Marinho fazia questão de acompanhar ou de ter um dos seus familiares acompanhando os profissionais no interrogatório.


VEJA OS VÍDEOS RELACIONADOS:







Nenhum comentário:

Postar um comentário

"O que me preocupa não é o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons."(M.L.King)
"LIBERDADE É CONHECER AS AMARRAS QUE NOS PRENDEM"