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domingo, 11 de dezembro de 2011

DEMEMBRAMENTO DO PARÁ


Pará: estado rico em recursos e em carências

Paraenses decidem hoje se querem ou não dividir o estado em três, o que aumentaria gastos públicos

Texto de Cleide Carvalho

BELÉM (PA). O que move o plebiscito para o desmembramento do Pará hoje é a busca por poder político, mas decidir sobre a divisão do estado não é repartir riqueza. É dividir pobreza. Novo Pará, Tapajós e Carajás, juntos ou separados, reúnem indicadores sociais inferiores à média brasileira. Segundo maior estado em área, atrás do Amazonas, o Pará abriga 80% das reservas de bauxita, 77% das de cobre, 43% das de caulim, 36% das de manganês, 14,8% das de ouro e é o segundo maior produtor de minério de ferro do país. Mas a história de quem mora ali é de carências.

Num Pará rico em florestas e recursos minerais, cobiçados pelo mundo inteiro, 64,8% dos domicílios carecem de infraestrutura e 9,9% registram adensamento populacional excessivo, percentuais que representam o dobro das médias registradas no país, que são, respectivamente, de 33,2% e 4,4%.

- É como uma família pobre, que mora em casa paupérrima, passa fome e tem uma Ferrari estacionada na porta. E gasta em manutenção com ela - compara Josenir Nascimento, secretário-executivo da Associação dos Municípios do Araguaia e Tocantins (Amat), um dos defensores do Carajás.

Do ponto de vista político, o impacto da divisão ultrapassa as fronteiras do estado. Se Carajás e Tapajós forem criados, a região Norte passa a ter o mesmo número de senadores do Nordeste. No Senado, os pleitos tramitam muito mais rapidamente que na Câmara dos Deputados.

Além disso, a falta da presença efetiva do estado - seja a União ou o governo do estado - impulsiona os movimentos separatistas. Se, na Grande Belém, a divisão do Pará é vista como perda, nas áreas que almejam a emancipação impera a palavra oposta: ganho.

Em Santarém, segunda maior cidade do Pará e candidata natural à capital do Tapajós, as distâncias não são medidas em quilômetros, mas em dias a bordo de barcos. Dali a Belém são quatro dias de viagem. Pelos rios, estradas naturais da Amazônia, a distância é de 876 quilômetros.

Pessoas carentes torcem, pedem a Deus para não adoecer. Se ficarem doentes, é preciso pegar um barco, gastar cinco, seis dias para chegar à capital. Em Belém, também congestionam os hospitais, aumentam as filas e, para conseguir consulta, leva tempo - diz o deputado federal Lira Maia (DEM-PA), duas vezes prefeito de Santarém e presidente da Frente Pró-Tapajós.

Longas distâncias, associadas à falta de transporte decente, seja fluvial ou terrestre, fazem com que viver ou morrer seja decisão do prefeito ou do político mais próximo. O fretamento de aeronaves para o transporte de doentes faz parte da lista de gastos das prefeituras da região. Com a criação do estado, dizem os defensores do Tapajós, seriam erguidos mais hospitais, e a região sairia do abandono.

Distância e isolamento movem militantes pela criação de Tapajós há mais de 20 anos. O primeiro projeto de lei foi apresentado ao Congresso em 1982, mas só este ano, em maio, o plebiscito foi aprovado.

- Mais de 90% dos moradores da nossa região não conhecem Belém. E quem conhece é porque foi para lá doente ou acompanhando um doente - afirma o empresário Olavo das Neves, do Grupo das Neves, que atua no ramo de bebidas, distribuição e revendas de barcos e motos.


Enquanto na Região Metropolitana de Belém há 3,27 leitos hospitalares para cada 10 mil habitantes, no Tapajós, a média é de 2,78. Em Carajás, o indicador é ainda pior: 1,81. No possível novo estado do Tapajós, a cada mil crianças nascidas vivas, 21 morrem. Em Carajás, o número de óbitos chega a 19, maior do que os 16 registrados na Região Metropolitana de Belém, segundo dados estaduais.

Com 294 mil habitantes, Santarém seria beneficiada se fosse transformada em capital. Hoje, suas belezas naturais, que incluem a praia de Alter do Chão, eleita pelo jornal britânico "The Guardian" uma das mais belas do mundo, contrastam com o que se vê nas ruas: asfalto e terra se misturam nas vias, semáforos são pendurados em fios sobre cruzamentos movimentados, e o comércio local se assemelha ao das periferias das grandes cidades do Sudeste.

Beneficiadas pela isenção de ICMS na exportação, mineradoras pouco deixam nos cofres do estado, ao mesmo tempo em que aumentam a população, agravando problemas sociais. No pedido que justifica a presença de tropas federais em 16 cidades para garantir o plebiscito, a Secretaria de Segurança Pública do Pará resume: "Nos últimos anos, a população de Santarém e Marabá quase dobrou, inchando as periferias, elevando o mercado informal, a prostituição em todas as faixas etárias e a criminalidade a taxas alarmantes".

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