Os militares ainda não sabem usar sua principal arma: a coesão
Em tempos de liberdade de expressão os últimos a se manifestar foram os militares brasileiros. Aguardar o momento certo é uma característica do bom militar, ser cuidadoso no trato com as instituições é outra característica. Porém, “Se perceber” e “ser percebido” como categoria social relevante é importante para qualquer grupo dentro do sistema democrático brasileiro. Segundo o site Sociedade Militar (http://socmilitar.hojenaweb.com), o grande número de blogs e sites de militares é uma mostra perceptível de que o militar está “abrindo a boca”, primeiro percebeu a si mesmo, e agora está se fazendo perceber como cidadão cada vez mais esclarecido e atento ao que ocorre ao redor. Militares estaduais saíram na frente, abriram a boca e foram até contemplados com uma portaria do Presidente Lula.
Veja a portaria baixada por LULA, que ninguém comenta nos meios militares federais. 
Diário Oficial da União do dia 16 de dezembro de 2010. Secretaria de Direitos Humanos - Número 3) do ANEXO da Portaria Interministerial nº 2, de 15 de dezembro de 2010: “Assegurar o exercício do direito de opinião e a liberdade de expressão dos profissionais de segurança pública, especialmente por meio da Internet, blogs, sites e fóruns de discussão, à luz da Constituição Federal de 1988”.
O “status” dentro do nosso sistema é tremendamente relevante, a força na escolha de representantes políticos é condição para a obtenção de vantagens na luta pelo dinheiro que circula pelos corredores de Brasília. A verdade é que o dinheiro existe, mas quem vai conseguir tocá-lo depende de muitos fatores, sendo o principal deles o poder de modificar o resultado das urnas.
Muitos militares, conforme pesquisa publicada no livro ”Militares pela Cidadania”, ignoram as eleições municipais e estaduais, alegam que políticos dessas instâncias não tem poder de influir nas questões salariais e legais para militares das forças armadas. Esse é um engano terrível, deputados federais e senadores têm um relacionamento estreito com deputados estaduais e vereadores. Grande número de projetos de lei, indicações parlamentares, alterações orçamentárias e outros atos executados por membros do legislativo federal têm sua iniciativa em mãos de deputados estaduais e vereadores.
“Buscando mais informações acerca desse desinteresse dos militares em participar da escolha de seus representantes políticos, no mês de outubro de 2008, na cidade de Belém do Pará, questionamos alguns militares acerca do local de seu domicílio eleitoral. Constatamos que destes somente cerca de trinta por cento votaram nas últimas eleições; embora tenha sido amplamente divulgada na mídia a possibilidade de transferência de domicílio eleitoral, nenhum deles aparentou interesse em realizar a transferência para a cidade de Belém.” (Livro Militares pela Cidadania.)
Ousamos dizer, sem citar números, que militares e familiares são uma parcela significativa da população. A eleição de um deputado estadual (comprometido com militares) em cada unidade da federação geraria uma força incrível na elaboração de Indicações parlamentares em prol da categoria, e mais ainda na negociação que sabemos existir no processo legislativo federal.
Cabe aos militares se organizar nessa questão. Se é proibida a organização para fins sindicais, não é proibida a associação para outros fins, e muito menos para se organizar e chegar a um denominador comum na questão da escolha de representantes, se não for assim por que então o direito ao voto?
Por não se organizar e fazer uso racional do direito que possui a sociedade militar passa despercebida na questão da escolha de representantes políticos. Não é necessário criar nada, já existem associações de militares, clubes militares, APEB, AMPRAFA etc. A pergunta interessante é: Por que os militares não se associam? As mensalidades são irrisórias diante da vantagem de fazer a diferença chegando a um denominador sobre onde investir um dos capitais mais preciosos que possuímos no sistema democrático, o voto.
Sociedade Militar
VEJA A PORTARIA NA ÍNTEGRA:
| DOU    de 16/12/2010 (nº 240, Seção 1, pág. 12)      | 
| PORTARIA    INTERMINISTERIAL Nº 2, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2010         | 
| Estabelece    as Diretrizes Nacionais de Promoção e Defesa dos Direitos    Humanos dos Profissionais de Segurança Pública. O    MINISTRO DE ESTADO CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS    HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA e o MINISTRO DE ESTADO DA    JUSTIÇA , no uso das atribuições que lhes conferem os    incisos I e II, do parágrafo único, do art. 87, da Constituição    Federal de 1988, resolvem: Art.    1º Ficam estabelecidas as Diretrizes Nacionais de Promoção e    Defesa dos Direitos Humanos dos Profissionais de Segurança    Pública, na forma do Anexo desta Portaria. Art.    2º A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República    e o Ministério da Justiça estabelecerão mecanismos para    estimular e monitorar iniciativas que visem à implementação de    ações para efetivação destas diretrizes em todas as unidades    federadas, respeitada a repartição de competências prevista no    art. 144 da Constituição Federal de 1988. Art.    3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. PAULO    DE TARSO VANNUCHI Ministro    de Estado Chefe da Secretaria de Direitos    Humanos da Presidência da República LUIZ    PAULO TELES FERREIRA BARRETO Ministro    de Estado da Justiça ANEXO DIREITOS    CONSTITUCIONAIS E PARTICIPAÇÃO CIDADÃ 1)    Adequar as leis e regulamentos disciplinares que versam sobre    direitos e deveres dos profissionais de segurança pública à    Constituição Federal de 1988. 2)    Valorizar a participação das instituições e dos profissionais    de segurança pública nos processos democráticos de debate,    divulgação, estudo, reflexão e formulação das políticas    públicas relacionadas com a área, tais como conferências,    conselhos, seminários, pesquisas, encontros e fóruns temáticos. 3)    Assegurar o exercício do direito de opinião e a liberdade de    expressão dos profissionais de segurança pública, especialmente    por meio da Internet, blogs, sites e fóruns de discussão, à luz    da Constituição Federal de 1988. 4)    Garantir escalas de trabalho que contemplem o exercício do    direito de voto por todos os profissionais de segurança pública. VALORIZAÇÃO    DA VIDA 5)    Proporcionar equipamentos de proteção individual e coletiva aos    profissionais de segurança pública, em quantidade e qualidade    adequadas, garantindo sua reposição permanente, considerados o    desgaste e prazos de validade. 6)    Assegurar que os equipamentos de proteção individual contemplem    as diferenças de gênero e de compleição física. 7)    Garantir aos profissionais de segurança pública instrução e    treinamento continuado quanto ao uso correto dos equipamentos de    proteção individual. 8)    Zelar pela adequação, manutenção e permanente renovação de    todos os veículos utilizados no exercício profissional, bem como    assegurar instalações dignas em todas as instituições, com    ênfase para as condições de segurança, higiene, saúde e    ambiente de trabalho. 9)    Considerar, no repasse de verbas federais aos entes federados, a    efetiva disponibilização de equipamentos de proteção    individual aos profissionais de segurança pública. DIREITO    À DIVERSIDADE 10)    Adotar orientações, medidas e práticas concretas voltadas à    prevenção, identificação e enfrentamento do racismo nas    instituições de segurança pública, combatendo qualquer    modalidade de preconceito. 11)    Garantir respeito integral aos direitos constitucionais das    profissionais de segurança pública femininas, considerando as    especificidades relativas à gestação e à amamentação, bem    como as exigências permanentes de cuidado com filhos crianças e    adolescentes, assegurando a elas instalações físicas e    equipamentos individuais específicos sempre que necessário. 12)    Proporcionar espaços e oportunidades nas instituições de    segurança pública para organização de eventos de integração    familiar entre todos os profissionais, com ênfase em atividades    recreativas, esportivas e culturais voltadas a crianças,    adolescentes e jovens. 13)    Fortalecer e disseminar nas instituições a cultura de    nãodiscriminação e de pleno respeito à liberdade de orientação    sexual do profissional de segurança pública, com ênfase no    combate à homofobia. 14)    Aproveitar o conhecimento e a vivência dos profissionais de    segurança pública idosos, estimulando a criação de espaços    institucionais para transmissão de experiências, bem como a    formação de equipes de trabalho composta por servidores de    diferentes faixas etárias para exercitar a integração    inter-geracional. 15)    Estabelecer práticas e serviços internos que contemplem a    preparação do profissional de segurança pública para o período    de aposentadoria, estimulando o prosseguimento em atividades de    participação cidadã após a fase de serviço ativo. 16)    Implementar os paradigmas de acessibilidade e empregabilidade das    pessoas com deficiência em instalações e equipamentos do    sistema de segurança pública, assegurando a reserva    constitucional de vagas nos concursos públicos. SAÚDE 17)    Oferecer ao profissional de segurança pública e a seus    familiares, serviços permanentes e de boa qualidade para    acompanhamento e tratamento de saúde. 18)    Assegurar o acesso dos profissionais do sistema de segurança    pública ao atendimento independente e especializado em saúde    mental. 19)    Desenvolver programas de acompanhamento e tratamento destinados    aos profissionais de segurança pública envolvidos em ações com    resultado letal ou alto nível de estresse. 20)    Implementar políticas de prevenção, apoio e tratamento do    alcoolismo, tabagismo ou outras formas de drogadição e    dependência química entre profissionais de segurança pública. 21)    Desenvolver programas de prevenção ao suicídio,    disponibilizando atendimento psiquiátrico, núcleos terapêuticos    de apoio e divulgação de informações sobre o assunto. 22)    Criar núcleos terapêuticos de apoio voltados ao enfrentamento da    depressão, estresse e outras alterações psíquicas. 23)    Possibilitar acesso a exames clínicos e laboratoriais periódicos    para identificação dos fatores mais comuns de risco à saúde. 24)    Prevenir as conseqüências do uso continuado de equipamentos de    proteção individual e outras doenças profissionais ocasionadas    por esforço repetitivo, por meio de acompanhamento médico    especializado. 25)    Estimular a prática regular de exercícios físicos, garantindo a    adoção de mecanismos que permitam o cômputo de horas de    atividade física como parte da jornada semanal de trabalho. 26)    Elaborar cartilhas voltadas à reeducação alimentar como forma    de diminuição de condições de risco à saúde e como fator de    bem-estar profissional e auto-estima. REABILITAÇÃO    E REINTEGRAÇÃO 27)    Promover a reabilitação dos profissionais de segurança pública    que adquiram lesões, traumas, deficiências ou doenças    ocupacionais em decorrência do exercício de suas atividades. 28)    Consolidar, como valor institucional, a importância da    readaptação e da reintegração dos profissionais de segurança    pública ao trabalho em casos de lesões, traumas, deficiências    ou doenças ocupacionais adquiridos em decorrência do exercício    de suas atividades. 29)    Viabilizar mecanismos de readaptação dos profissionais de    segurança pública e deslocamento para novas funções ou postos    de trabalho como alternativa ao afastamento definitivo e à    inatividade em decorrência de acidente de trabalho, ferimentos ou    seqüelas. DIGNIDADE    E SEGURANÇA NO TRABALHO 30)    Manter política abrangente de prevenção de acidentes e    ferimentos, incluindo a padronização de métodos e rotinas,    atividades de atualização e capacitação, bem como a    constituição de comissão especializada para coordenar esse    trabalho. 31)    Garantir aos profissionais de segurança pública acesso ágil e    permanente a toda informação necessária para o correto    desempenho de suas funções, especialmente no tocante à    legislação a ser observada. 32)    Erradicar todas as formas de punição envolvendo maus tratos,    tratamento cruel, desumano ou degradante contra os profissionais    de segurança pública, tanto no cotidiano funcional como em    atividades de formação e treinamento. 33)    Combater o assédio sexual e moral nas instituições, veiculando    campanhas internas de educação e garantindo canais para o    recebimento e apuração de denúncias. 34)    Garantir que todos os atos decisórios de superiores hierárquicos    dispondo sobre punições, escalas, lotação e transferências    sejam devidamente motivados e fundamentados. 35)    Assegurar a regulamentação da jornada de trabalho dos    profissionais de segurança pública, garantindo o exercício do    direito à convivência familiar e comunitária. SEGUROS    E AUXÍLIOS 36)    Apoiar projetos de leis que instituam seguro especial aos    profissionais de segurança pública, para casos de acidentes e    traumas incapacitantes ou morte em serviço. 37)    Organizar serviços de apoio, orientação psicológica e    assistência social às famílias de profissionais de segurança    pública para casos de morte em serviço. 38)    Estimular a instituição de auxílio-funeral destinado às    famílias de profissionais de segurança pública ativos e    inativos. | 
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| A intelectualização das PRAÇAS, alavanca para melhores condiçõesUm    teórico chamado Ridenti (1989) escreveu sobre uma decepção,    um dilaceramento    existencial que    ocorreu nos militares dos anos 60, principalmente os subalternos.    Causado, segundo ele,  pelo fato desses militares pertencerem    ao mesmo tempo a dois    mundos opostos;    eram oriundos das camadas populares, mas, paradoxalmente, também    faziam parte da entidade encarregada de reprimi-las, faziam parte    das corporações que supostamente lutavam contra o povo, o que    sabemos que não era verdade, lutavam pelo povo. Contudo, a mídia    foi bastante eficaz em impor isso na mente dos militares, ainda    mais intensamente após os meados dos anos 70.           O    militar da atualidade, praça das forças armadas do século XXI    também é vítima de uma ambigüidade, porém, diferente da que    sofriam seus semelhantes de 50 anos atrás. Tem fortes sentimentos    de pertencimento ao mundo da cidadania e do amplo direito, onde é    cidadão eleitor e pai de família, detentor de humanidade,    responsabilidade e ética para com si e seus semelhantes, porém,    em contrapartida, é também comprometido com um segundo mundo,    diametralmente oposto ao primeiro, onde, como demonstra um jargão    muito utilizado em academias militares, “seu    direito é não ter direito”. Desde    o final do sec. XX o acesso a universidade vem gradativamente se    ampliando às camadas menos favorecidas da sociedade brasileira, e    a estas juntamos as praças das forças armadas e auxiliares. Em    1997 a quantidade de praças do Exército formados em direito era    praticamente igual ao de oficiais com a mesma especi-alidade. Em    2007, apenas 10 anos após, esse número subiu para o dobro de    praças em relação aos oficiais. Observa-se também que a partir    de 1999 a formação superior entre praças também cresceu    sensivelmente em diversas áreas, fazendo-se estes mais do dobro    do que totalizam os oficiais graduados com cursos superiores[1]. Gráfico    nº 2 – Oficiais e sargentos do EB graduados em cursos    superiores. O    General Sodré escreveu na década de 60, falando sobre o temor    que as FAS tinham de os praças se intelectualizarem, se    politizarem: (...) terrível realidade, que exigia severas    providências acauteladoras da “ordem pública”. Sargento    pensar, sargento estudar, sargento participar, sargento ter    direitos de julgamento pereceram formas subversivas, a que eram    necessárias atender de pronto, não no sentido de encaminhá-las,    de colocá-las a serviço da estrutura militar e do país, mas no    sentido de reprimi-las, de vigiá-las, de considerá-las marginais    e condenáveis (SODRÉ.1965. p.385). A    visão de Werneck Sodré, sobre aproveitar-se    a intelectualização das    praçasa    serviço da estrutura militar e do    país, se    transforma em previsão, e    após quarenta anos foi posta em prática. Hoje em dia existe um    notório interesse em aproveitar a formação extra-militar das    praças na administração das forças armadas. Temos vários    exemplos em assessorias jurídicas de comandos, seções de    informática etc. Todavia, não há nenhuma situação conhecida    em que uma praça recebeu nenhum tipo de remuneração extra por    exercer alguma função compatível com nível superior. Observamos    que a oficialidade das Forças Armadas dificilmente se manifesta    contra o governo vigente. Questão ética, questão hierárquica,    ou as duas juntas. Às praças, o povo fardado, quem mais sofre,    cabe então assumir sua postura contra os desmandos da atualidade,    são milhares de cidadãos honestos, cumpridores de horários e    demais deveres, descontam impostos na fonte e são eleitores. Não    é necessário uma sublevação, não é necessário uma greve    ilegal, mas é necessário SIM demonstrar de alguma forma o amor à    nação brasileira. Mostrar a insatisfação de forma ampla,    blogs, faixas, particulares e entidades associativas escrevendo em    blogs, familiares comparecendo, grandes faixas em jogos de futebol    e eventos mostrados na mídia. Hoje    militares subalternos parecem perceber claramente a manipulação    da sociedade por paternalismo, os desmandos e a corrupção    constante, a troca de Ministros, o abafar e um escândalo por    outro. A    questão de se manifestar de alguma forma:     Eemplo. Cartas    enviadas para políticos. Mil    cartas enviadas para um político só com toda certeza causam uma    interessante reação, pois dependem de nosso voto, mas militares    ainda não conseguiram se organizar a ponto de fazer isso.    Cabe a intelectualidade graduada opinar diante da tropa nas    questões que não são essencialmente militares e de serviço    interno. Se somos eleitores devemos ser politizados, ou seria    melhor então não possuir esse direito/dever.  Ser    politizado também significa discutir socialmente o quotidiano,    obviamente não em momentos de serviço. Mas    fica a pergunta, se os militares federais recebessem um    reajuste de 150% continuaria essa percepção ou mudaríam de lado    e passarndo a adorar a senhora comandante? A percepção    é política, nacionalista, pró-Brasil ou é questão particular,    financeira? [1]Entre    1999 e 2007 cerca de 400 sargentos apresentaram, ao órgão de    controle de pessoal da Força, seus diplomas de bacharéis em    direito. O total atual de sargentos do Exército formados em    direito, que declararam essa condição ao órgão de controle do    efetivo de pessoal da Força (Departamento Geral de Pessoal), é    de 617. O total de oficiais é de 332.  (RODRIGUES. 2008) Fonte:socsocmilitar.hojenaweb.com | 
 

 
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